Árvore do amor

O amor, meu amigo, não vai aparecer de repente, como num passe de mágica no teu coração.

É verdade que está lá, latente como uma semente.

Tens, no entanto que plantá-lo, cultivá-lo, cuidá-lo por muito tempo, para que um dia frutifique.

Inicialmente tens que saber que a semente está lá e te dispor a cultivá-la. Entender com a tua mente, que é pelo amor que encontrarás a felicidade.

O primeiro passo consiste em cavar a terra do teu coração para lá plantar esta semente.

Adubá-la com as putrefações do mundo.

Esse cultivo é duro, difícil e demorado. Requer que se arregace a manga e com as próprias mãos se cave a terra.

Adubá-la custa muito dor e sofrimento.

Depois o tempo passa e esse também é um período difícil, de espera.

Onde não se vê o trabalho recompensado, porque a semente germina escondida. Tempo duro em que a desesperança toma conta do ser.

Tempo em que se tem que ter Fé!

Quando o sol e a chuva, ainda que não vejamos, faz germinar a semente.

Este sol e esta chuva são as lutas de cada dia, daqueles que esperam a germinação da semente plantada.

Muitos se perdem neste sol e nesta chuva.

Um dia, quando menos se espera, aparece na terra o primeiro broto do amor. Momento de felicidade e esperança, quando a Fé é recompensada.

Este também é um momento perigoso para o ser que evolui, porque muitos neste instante se perdem, param, acham que encontraram o amor.

A árvore existe, porém, é frágil e fenece com facilidade. É tempo de mais trabalho, de proteger esta árvore dos ventos, do sol, da chuva e do orvalho.

Tempo de ser forte para não deixar que as intempéries façam fenecer o amor nascente. Outros tantos por fraqueza aqui se perdem!

Com o passar do tempo, a árvore cresce e vem a formar uma copa frondosa que dá sobra e conforto.

Belo momento quando se pode enfrentar as lutas da vida sob esta sombra acolhedora. Aí vem a dificuldade maior daquele que cultiva o amor: é o tempo da poda! De novo tempo de dores e de sofrimentos.

Tempo de amor difícil, duro, reto, mas necessário. Tempo das flores! Primavera do amor! Beleza e perfume! Ainda tempos difíceis!

Há que se ter controle então para não se colher as flores e desta forma impedir que se gerem os frutos.

Destes momentos, cada vez mais difíceis, este é o pior.

Julgando ter o amor e se julgando merecedor e credor desta árvore e desta flor. É quando muitos se perdem embriagados pela grandeza do instante.

Colher a flor da árvore do amor traz simplesmente uma satisfação momentânea, há que se esperar o fruto.

O caminho é longo e duro, tendo uma dificuldade a cada tempo. Um dia a flor se transforma em fruto.

E compreendemos que o fruto da árvore não tem outra finalidade, que não seja a de gerar mais sementes de amor, recriando o ciclo.

Então se entende que o verdadeiro amor se basta a si mesmo, não necessita recompensa.

O verdadeiro fruto da árvore do amor vai estar dentro do plantador! O amor não dá outro fruto que não seja o próprio amor.

O ciclo do verdadeiro amor não tem início nem fim Ele é a própria luta pela vida!

 

Brandão

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